top of page

como o leste asiático redesenhou meu olhar

  • Foto do escritor: Darlís Santos
    Darlís Santos
  • 5 de jul.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 5 de jul.

tá todo mundo indo para o Japão ou Coreia do Sul, e eu fui também :) sempre tive o design asiático como referência no meu processo criativo. durante a viagem de 30 dias no Leste Asiático, pude estar em contato direto com referências visuais, texturas e formas de pensar que me permitiram compreender o movimento do mundo a partir de uma perspectiva não ocidental, e isso enriquece demais.

vivemos em um tempo onde o “menos é mais” é frequentemente exaltado. mas, nessa jornada, o design não ocidental me ensinou a admirar a ordem através do caos. descobri que o “mais”, quando bem estruturado, pode ser ainda mais bonito. aprendi a valorizar projetos ricos em informação visual e a aplaudir uma estética vibrante e colorida. o equilíbrio entre o moderno e o tradicional também me encantou, ampliando minha visão sobre o processo criativo como uma grande possibilidade de experimentação.


na Coreia do Sul, percebi o quanto o visual é valorizado em todos os níveis da experiência. o design está em tudo, de uma embalagem a uma sinalização, do cheiro das lojas ao uniforme da polícia, que inclusive tem um mascote (como cometer um crime levando isso em consideração?). lá, estética não é apenas uma camada superficial: é estratégia, é identidade. E por isso é tão valorizada.

1. embalagem de produtos japoneses. 2. capa de um livro. 3. um produto na temática brasileira.
1. embalagem de produtos japoneses. 2. capa de um livro. 3. um produto na temática brasileira.

me vi encantada por lojas que vendiam produtos que eu nem sabia o que eram. mas a narrativa visual era tão bem construída, tão coerente, que o desejo de comprar surgia naturalmente. um exemplo marcante é o da capital, Seoul, que possui um mascote oficial: Haechi (해치 ou 해태), inspirado em uma criatura da mitologia coreana. ele foi adotado como símbolo da cidade durante seu processo de internacionalização, em 2019, e está presente em diversos pontos, vi até um ônibus totalmente envelopados com a identidade visual da cidade. seoul é prova de que todo espaço pode ser um ponto de contato para comunicar essência. Não à toa, a cidade possui um manual de marca oficial.


4. ônibus em sua parte interna, todo envelopado com o mascote. 5. loja com produtos de Seoul, uma das taglines da capital é "SEOUL MY SOUL". 6.Haechi, o mascote.
4. ônibus em sua parte interna, todo envelopado com o mascote. 5. loja com produtos de Seoul, uma das taglines da capital é "SEOUL MY SOUL". 6.Haechi, o mascote.

já no Japão, o que me encantou foi a rejeição ao simplismo/minimalismo mal pensado, aquele que parece preguiçoso, sem intenção clara. lá, a abundância de informação visual não é excesso: é cultura. nas ruas, observei como os caracteres japoneses funcionam como protagonistas das composições gráficas. a estética é intensa, cheia de significados e guiada por uma narrativa poética, fortemente conectada às filosofias japonesas.


a abundância de informação visual não é excesso: é cultura.

no Japão, há espaço para o tradicional e o moderno, para cores e texturas. a funcionalidade importa, mas vem sempre acompanhada de estética e encantamento. existe uma harmonia entre todos os elementos (que são muitos), e isso é brilhante. o visual não atua sozinho: ele caminha ao lado do sensorial, da educação, dos valores. Isso me fez perceber como tudo o que criamos pode carregar ou perder potência dependendo do cuidado e da intenção por trás, não apenas no que se vê, mas no que se sente e tratamos.

7. capas de livros. 8. banheiro público.
7. capas de livros. 8. banheiro público.

é difícil descrever em palavras o quanto essa viagem me transformou como pessoa e, consequentemente, como profissional. as inspirações que trago dela vão muito além do design e da estética: moldaram minha forma de ver o mundo e, com isso, a maneira como crio e narro minhas perspectivas.

 
 
 

1 Comment


Carla Andreza
Jul 07

muito bom poder ver sua perspectiva sobre o Japão, realmente, do lado de cá (ocidente), temos o maximalismo como algo feio ou poluidor...

Like
bottom of page