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- Darlís Santos

- 30 de jul.
- 4 min de leitura
Atualizado: 29 de set.
Um rascunho do processo criativo da marca pessoal da mentora Clara Marques.
Quando penso em processos criativos, penso muito mais em escuta do que em execução. O olhar atento ao que o projeto pede, mesmo quando esse pedido ainda não está totalmente formulado em palavras é o que mais me encanta.
Foi assim que comecei a construir a direção de arte para a marca pessoal da Clara Marques, mentora de negócios digitais voltados à educação. Desde os primeiros momentos, tanto no briefing quanto nas reuniões de troca, percebi o quanto essa marca já carregava profundidade.
Isso, por si só, foi um ponto-chave: quanto mais denso o conteúdo, mais caminhos possíveis para traduzi-lo visualmente. A Clara se apresentou de forma direta:
"Sou mentora de negócios digitais de educação, e a educação é o meu valor e fundamento primordial."
A partir dessa frase, que parece simples, mas resume bem, comecei a fazer perguntas visuais: como traduzir isso em forma? Em cor? Em ritmo visual?

Brasilidade como força, não como rótulo
Uma das primeiras camadas que se destacou foi a brasilidade. Clara é cria do Rio de Janeiro, e esse dado vai além da localização, ele se manifesta na forma como ela se comunica, nas referências que carrega e no tom de voz com que se coloca no mundo.
Mas, ao mesmo tempo, não queríamos transformar isso em algo caricato. Era preciso dosar. A brasilidade não podia ser um enfeite decorativo ou um clichê visual. Também não podia se sobrepor à proposta central: educação, negócios e presença digital.
Por isso, decidi que esse aspecto deveria ser tratado com inteligência visual, e não com literalidade pura. Como representar o Brasil sem cair no óbvio? Como trazer uma energia solar, vibrante e próxima sem recorrer ao tropicalismo caricato?
A pergunta que guiou o processo
Em um dado momento do projeto, me vi retornando sempre a essa questão:
"Como expressar uma identidade brasileira alinhada à educação, de forma não caricata, nem formal, mas ainda assim enérgica?"
Essa pergunta funcionou como bússola para todas as decisões seguintes.
Abstração como linguagem visual
Para responder a isso, recorri à abstração, algo que já considero como assinatura em meus projetos visuais. As formas geométricas abstratas que escolhi são inspiradas no cotidiano brasileiro, suas texturas, sons, ritmos.
O objetivo era evocar sensações, e não apenas descrever elementos.
Nessa fase, recorri também às minhas próprias experiências: lembrei de uma viagem que fiz ao estado do Rio, onde registrei imagens, texturas, cores e gestos que depois se tornaram parte do moodboard sensorial e conceitual do projeto.
Essa construção do moodboard foi essencial para mim. Não se tratava apenas de reunir referências visuais, mas de estabelecer um ambiente visual e emocional que representasse Clara, seu jeito de pensar, ensinar e dialogar.

Tipografia como estrutura e voz
A escolha da tipografia também foi feita com cuidado. O desafio era encontrar uma dupla que pudesse sustentar tanto a leveza e fluidez da Clara, quanto sua firmeza e confiabilidade enquanto profissional.
A solução veio na combinação de duas fontes:
Uma com serifa, que remete à tradição, à base sólida que sustenta a educação.
Outra sem serifa, que carrega modernidade, dinamismo e flexibilidade.
Essa escolha permitiu uma variação equilibrada nos layouts, adaptando o tom da comunicação sem comprometer a unidade visual.
Cores que falam sem gritar
A paleta de cores foi, em parte, sugerida pela própria cliente, e isso já demonstrava o quanto Clara sabia a energia que queria passar.
Tons vibrantes, mas com profundidade. Cores que comunicam movimento, mas também presença. Que atraem o olhar sem forçar impacto. A combinação com os elementos visuais e as fontes permitiu que a identidade tivesse uma coerência estética clara e ao mesmo tempo viva.
Direção de arte como expansão, não limitação
Algo que sempre gosto de reforçar é que direção de arte, para mim, não é prisão estética. Não é um manual rígido com regras imutáveis. É, antes de tudo, um guia para a liberdade visual da marca, um norte para ela se movimentar com confiança em diferentes espaços, formatos e canais.
Esse projeto com a Clara me lembrou disso o tempo todo: direção de arte não é sobre colocar a marca em uma moldura, mas sobre dar a ela um corpo visual que se mova, respire e dialogue com o mundo.
E no fim...
Criar a identidade visual da Clara Marques foi mergulhar em uma marca que tem substância, presença e conteúdo.Foi um exercício de escuta, tradução e sensibilidade.
E, mais do que um resultado final, o projeto é uma ferramenta para ela expandir sua comunicação com coerência, leveza e potência.
Se você quiser conhecer mais sobre a aplicação prática desse projeto (com exemplos visuais, peças digitais e desdobramentos), recomendo conferir o post nesse link.
Assim como outros projetos, sempre gosto de começar e iniciar com essa pergunta: O que eu vejo?. Quando finalizei essa direção, pode ver uma marca que comunica sua identidade, de maneira livre.

































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